Poema para Flôres

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Poderia dedicar um longo artigo que fiz cheio de verdades e mágoas a um grande amigo que tive. Contei até 100 mil e escutei Hervázio, Cícero, Marcos Vinicius, Matheus, Janildo, Eduardo Carlos, Maurilio Batista, Dércio, Alberto Loureiro, Lauremília, Marconi Ferreira, Gutemberg Cardoso, Nilvan Ferreira e tanta gente no momento não consigo lembrar aqui. Emoções leva a omissões.

A resposta vai em tom de dos Anjos. deve doer mais, pois o poema acima foi incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século".


Versos Íntimos

Augusto dos Anjos


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!




* O poema é dedicado a um personagem chamado Flôres, com circunflexo mesmo.