Estação Ciências ou Estação Gambiarra? PARTE 1

domingo, 1 de junho de 2008



"Arquitetos e Urbanistas apoiaram a campanha eleitoral de Ricardo Coutinho, pelos simples fato das bandeiras levantadas pelo então deputado combativo: “Não implantação dos espigões na orla marítima de João Pessoa e de todo o Estado da Paraíba, e da realização de concursos públicos para projetos de grandes obras urbanas”.
Após sua eleição, isso tudo mudou! Ricardo Coutinho construiu um conjunto enorme de edificações, justamente na área de maior risco de extinção no litoral paraibano: a falésia do Cabo Branco.
A vereadora Paula Frassinete – ex-defensora do meio ambiente e que se colocou contra a implantação de um flat próximo ao restaurante Marinas, na gestão Cícero Lucena devido sua localização – não tem mais alertado sobre os riscos ambientais provenientes da erosão naquela área. Como é possível aprovar um “homicídio” de uma das áreas de maior interesse em toda a Paraíba? "


GUIMARÃES, Arthur Marcel Brasileiro. Setembro, 2005
http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc141/mc141.asp

E o ex-deputado Dênis? Será que mudou de ideia?
Ainda com relação ao fator ambiental, como se pode construir um complexo de 5.000 m² na barreira do Cabo Branco, uma falésia viva em processo contínuo de modificação devido ao processo natural de erosão? Vale salientar ainda que não existe solução para tal impacto.
Além disso, o uso de materiais como o concreto armado e o vidro são totalmente contra-indicados devido às características climáticas do Nordeste.
Em termos turísticos, concordo que esse empreendimento será mais um atrativo para a cidade, mas existe um outro fator a ser considerado que é o fluxo viário na área. Quem não lembra do Dr. Ricardo e seu coletivo lutando pela proibição até da circulação de veículos na área?
Agora imagina com a inauguração e os turistas aos montes chegando de todas as partes, a frequência de automóveis irá aumentar e isto poderá acelerar o processo de degradação da barreira?
Agora PODE! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Andei visitando a obra e encontrei nela uma série de interrogações. Acho que Niemeyer vai dar a gota serena!

A RAMPA
O QUE DIZ A NBR 9050:


A Norma Brasileira ABNT NBR 9050 que regulamenta a "acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos" é clara quando determina que rampas devem ter inclinação de acordo com os limites estabelecidos em suas normas técnicas.
Para inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser previstas áreas de descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso. E o desnível máximo de cada segmento de rampa é de 80cm de altura. Ou seja um patamar a cada 80cm de rampa. A Rampa da Estação Ciência tem inclinação de 8,33%, mesmo assim não existe patamares de descanso algum, e sem PATAMARES DE DESCANSO, o visitante terá que subir no tranco... no embalo... no pique!
Imagina o cadeirante? Imagina alguém com uma perna engessada?
Vamos explicar no popular: A Cada 80 cm de inclinação, deveria existir uma área para o descanso. NÃO EXISTE!
CORRIMÃO
A mesma norma técnica NBR 9050 diz que "Os corrimãos devem ter largura entre 3,0 cm e 4,5 cm, sem arestas vivas. Deve ser deixado um espaço livre de no mínimo 4,0 cm entre a parede e o corrimão. Devem permitir boa empunhadura e deslizamento, sendo preferencialmente de seção circular" conforme ao lado.


O CORRIMÃO NÃO SEGUE AS NORMAS TÉCNICAS!



O AUDITÓRIO DA ESTAÇÃO CIÊNCIAS
Me prometa que você ao visitar esta obra depois de inaugurada, vai ter que lembrar deste blog e rir. A entrada do Auditório é algo hilariante, totalmente desproporcional com o tamanho da obra. Causa um sensação de opressão. Nem levante o braço que ele vai bater no concreto com absoluta certeza! O velhinho vai dar a gota serena! Todos sentirão a sensação que baterá com a cabeça na laje na aproximação!

Tratei de fotografar meu amigo Albenor que tem 1,77 cm, que fez esta visita juntamente comigo.
Alerta: O Prefeito Ricardo Coutinho nem levante a mão para dar um chauzinho. Ficará o braço na laje!PÂNICO, INCÊNDIO E ROTAS DE FUGAS
Agora vou falar das rotas de fuga em caso de pânico ou incêndio. o Assunto não é só estético, trata-se agora de segurança. Por onde as pessoas devem se evadir em caso de pânico ?
As pessoas deveriam sair por essas aberturas nos fundos do auditório? Exato... deveriam!
Esta é a visão interna destas saídas mostradas na imagem anterior. Era para ser assim, como estar no projeto inicial. O Que fizeram?
Alteraram o projeto, depois de aprovado o "projeto de incêndio", e criaram obstáculos para as rotas de fuga. Imagino que Niemeyer fez um projeto antes de saber o que ia funcionar dentro da Estação Ciências.
Colocaram um divisória amigo! Uma divisória que afunila a saída das pessoas, dificultando a saída , ou seja as pessoas tem que passar por uma porta estreita antes de chegar nas aberturas de fuga. Isto é algo grave!

CADEIRANTE NÃO TEM VEZ NO AUDITÓRIO
Não existe um lugar para cadeirante no auditório. Vai ter que improvisar o lugar e o acesso.

TOMAR BANHO DE CHUVA!
Com todo respeito a arquitetos e engenheiros da obra: Qualquer pedreiro que se preze sabe que em uma construção igual a esta deveria haver as ditas "PINGADEIRAS". Na Estação Ciências esqueceram mesmo, e por não haver um "sulco" chamado pingadeira na extremidade da laje de concreto na base da Estação Ciências, a água da chuva , ou proveniente da lavagem das fachadas, vai escorrer toda ao longo do teto do acesso do edifício, molhando toda galera em dia de chuva. Anote ai! A água vai ficar escorrendo na fachada e entrando laje adentro na cabeça das autoridades e do publico em geral, vai ficar pingando embaixo da laje e onde deveria ser um abrigo será uma goteira só!
PUXADOR DE TERCEIRA
Imagina uma obra de 40 milhões, com uma maçanetazinha de terceira?
Pode ser um detalhe simplinho, mas para uma obra de alto nível, o projeto é pobre em detalhes!
É um puxador "pebinha", quando comparado com o vulto da obra!

SOBRE O RESTAURANTE
Essa questão nos remete a dezenas de dúvidas para este anunciado restaurante. O dimensionamento da cozinha é muito pequeno e pouco funcional. Será complicada a logística para para abastecimento e o manuseio do lixo! Quero ver onde eles vão quebrar a laje do teto para colocar a chaminé para exaustão da fumaça. Só se for uma lachonete natural que funcione a base de micro-ondas!! Dizem que Niemeyer já não gostou nem do para-raio!

ALERTA
A estrutura metálica que sustenta o vidro deixa um espaço aberto no final da laje que se não for fechado poderá comprometer a segurança, principalmente das crianças.

Sobre a Estação, alguma perguntas que merecem respostas:

1) Existe um salão onde será implantado um museu (que ninguém sabe ainda do que será...rsrrsrsrs) não tem nenhuma tomada. Existiam 100 ao longo do piso, mas foram todas concretadas! Só tem tomada embutida no forro, 240 pontos elétricos embutidos no forro. A Saída para ter o dito MUSEU, vai ser construir uma divisórias, assim como foi feito para salas de aulas para dança. (deixa a impressão que nem Niemeyer sabia o que o mago queria lá dentro).

2) Porque a obra custaria 12 milhões, muito abaixo do museu de Curitiba que fala-se agora em 40 milhões.

3) Porque a obra pulou de 12 para 40 milhões ??
Leia a declaração do Primeiro Ministro do Coletivo Laranja, DR. Luciano Agra:
http://www.joaopessoa.pb.gov.br/noticias/?n=1428

Investimento –
O secretário municipal do Planejamento, Luciano Agra, que acompanhou toda a execução do projeto, disse que a obra deve custar, em média, R$ 12 milhões. "Vale salientar que a estação é mais barata do que outros projetos de Niemeyer, levando em conta seu impacto urbanístico, dentro de uma cidade. O Museu de Arte Moderna de Curitiba, por exemplo, custou R$ 40 milhões", lembrou.

Que mágica é essa Doutor??
É o miligre da triplicação!!!


E você com 40 milhões no bolso escolheria qual destas duas obras? O Museu de Curitiba ou essa aí de cima?
MUSEU DE CURITIBA

Na parte 2 vamos postar o que chama mais atenção desta obra. O preço!
O Custo do M2 com relação a outras obras do bom velhinho. O que mais chama atenção é que "Parques de Niemeyer" foram vendidos em blocos e aos montes para o Nordeste. Outras capitais nordestinas como Recife, Aracaju, Natal e Fortaleza também terão obras conceitualmente semelhantes, e o preço do metro quadrado de João Pessoa é de chamar atenção de qualquer cidadão em sã consciência!
Vamos explicar cada obra, e cada custo. Vamos comparar com a Estação Ciências de João Pessoa.

Gostaria de ouvir a opinião de arquitetos e engenheiros!

"A vida é um sopro, a Estação é o cuspe!"


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