Empresário Denuncia: "Guilherme fraudou prestação de contas ao TRE"

sábado, 7 de março de 2009

O deputado estadual Guilherme Almeida, do PSB, fraudou a sua prestação de contas a Justiça Eleitoral ao incluir entre as despesas justificadas a nota fiscal fria da empresa Linhares & Prudêncio, que nunca prestou o serviço que o deputado declara e ainda denunciou Guilherme e o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, ao Ministério Público, acusando-os de promoverem derrame de notas frias para justificar despesas inexistentes na PMCG. "Nunca prestei aquele serviço ao deputado. Vendi sim notas fiscais a membros da gestão e o coordenador financeiro da campanha de Vitalzinho, Salomão Augusto se apoderou de um talão e falsificaram vários serviços que nunca prestamos para sangrar os cofres públicos”, disparou Erton Linhares, proprietário da empresa.

O caso do derrame de notas frias vem sendo apurado pelo MP que indiciou o prefeito Veneziano em 22 processos, inclusive acusando-o por formação de quadrilha. Mas, esta denúncia da fraude na prestação de contas de Guilherme só veio à tona agora e pode provocar ainda mais a ira do conselho de ética do PSB.

Como já se sabe Guilherme foi convidado para ser secretário de Interiorização do Estado, mas o partido recomendou que não aceitasse para não abrir uma vaga na Assembléia para Nadja Palitot, desafeta do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho

O caso se arrasta há dias e provocou um clima hostil entre o Maranhão e Ricardo Coutinho. Guilherme deve assumir nos próximos dias, mas pelo andar da carruagem tem muito que se explicar pelo envolvimento em derrame de notas frias e fraude na prestação de contas a Justiça Eleitoral.

Guilherme foi eleito vereador em 2004 e logo foi chamado pelo primo Veneziano para assumir a secretaria de Obras da PMCG. O tesoureiro da campanha de Vené, Alexandre Almeida, era o seu adjunto.

Da campanha de 2004 muitas dívidas rolaram para serem saudadas em 2005. E aí começa todo o imbróglio da gestão Veneziano. O foco das articulações financeiras para saudar débitos acontecia na secretaria de Guilherme, precisamente na sala ao lado, com a sua total anuência.


O mineirinho Alexandre Almeida, homem de confiança do deputado Vital Filho é quem opera ainda hoje essa parte obscura. Guilherme, Alexandre, Salomão e Beildo (Xuxa) assumem a linha de frente e iniciam uma articulação para sangrar o tesouro municipal. Uma série de empresas foram contactadas para fornecer notas fiscais por serviços que nunca existiram ou para superfaturar.

E assim a Linhares & Prudêncio entrou no jogo. Emitia a nota, recebia o dinheiro do imposto e ainda ganhava 10% do valor. “Uma barbada, ganhávamos sem fazer absolutamente nada”, confidencia Erton Linhares e “eles diziam que essa era a maneira que tinham para nos prestigiar na administração Veneziano”, emenda.


Guilherme era o mais graduado de todos, pois era secretário e ordenador de despesas. Alexandre era adjunto, Xuxa era coordenador de eventos, e Salomão o diretor financeiro do STTP. Tudo está documentado no sistema Sagres online do TCE.

Teve gerador alugado por quase cem mil reais, duplicidade de empenhos e uma seqüência espetacular de trambiques até que um dia Erton Linhares descobriu que o talão que o grupo pediu para ficar estava sendo usado para cobrir todo tipo de fraude, inclusive a prestação de contas a Justiça Eleitoral de Guilherme e do próprio Vitalzinho, como qualquer um pode constatar no site do TRE e TSE.

Erton então procurou Veneziano para explicar o que estava acontecendo, pois o grupo não pagava mais os impostos e a comissão. O prefeito riu e mandou procurar os seus direitos, desdenhando do pequeno empresário.

Erton procurou o MP, fez a denúncia, entregou cópias de notas fiscais, empenhos e cheques assinados por Guilherme e até por Veneziano e recebeu o benefício da delação premiada. Para comprovar todas as denúncias aqui publicadas, há um vídeo em poder do MP, onde alguns envolvidos são flagrados operando o esquema criminoso, e centenas de notas fiscais, empenhos e cheques também em poder do MP.

Hoje, neste episódio da cisma entre Maranhão e Ricardo por conta do convite a Guilherme para ser secretário de Interiorização, duas coisas me chama a atenção: a primeira é a incapacidade moral do deputado em assumir um cargo de gestor, pois é acusado de improbidade. A segunda é o cinismo e hipocrisia quando foi a imprensa acusar o PSB de fraudar uma ata, quando ele próprio fraudou a sua prestação de contas ao TRE e TSE, infringindo a Lei ao forjar despesas e justificá-las com notas fiscais frias. A pergunta é: quantas notas frias exitem nesta prestação de contas de Guilherme?