O que Durval esconde por trás do bigode ?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Homem de seis mandatos consecutivos, Durval Ferreira, presidente da Câmara de João Pessoa, não é ingênuo. Está na cara que não é.

Tem plena consciência de que, para manter-se agarrado aos R$ 20 milhões anuais da Câmara da Capital, haverá de fazer esforços e movimentos políticos tão grandes que, dificilmente, sairá da disputa sem tingir novamente os cabelos.

Por enquanto, como manda a boa conduta política, Durval tem rondado o prefeito Ricardo Coutinho de olho na reeleição, tal qual uma serpente que dança para o flautista, se fazendo de submissa, mas pronta para dar o bote. A qualquer momento.

Quer bater a parada como se encarnasse na vida real o célebre mafioso italiano, Don Vito Corleone: pela força da gratidão.

Para quem não lembra, o ilustre Poderoso Chefão adorava fazer favores porque sabia cobra-los para si quando necessário, quase sempre com sucesso.

O presidente da Câmara de João Pessoa, portanto, acha que tantos os vereadores reeleitos, a quem alega ter “tratado bem” nestes dois anos, quanto o prefeito Ricardo Coutinho lhes devem favores.

Os vereadores pelo tratamento fraternal que receberam, seja lá o que isso representa na realidade e para os cofres da Câmara. E o prefeito Ricardo Coutinho pela lealdade canina que ofereceu-lhe durante esses dois anos na presidência da Casa.

Parece, no entanto, não levar em consideração duas coisas.

Primeiro que Ricardo não se esquece de que Durval foi eleito, em 2006, numa composição resultante de um golpe no prefeito. E que por mais generoso que tenha sido com os colegas parlamentares, a prática política tem dito que há mais vontade entre os vereadores de assumir a presidência do que gratidão.

Aliás, os presidentes da Câmara que tentam a reeleição sempre precisam implorar mais pelo voto na segunda vez do que na primeira. A maioria, ou perde feio ou ganha na pressão, para ficar somente em Paiva e Milanez.

Mas por trás do denso bigode, Durval esconde a verdade. Por ora, ele usa argumentos como fidelidade, generosidade e capacidade de aglutinar oposição e situação numa só chapa.

Mas depois, sendo infrutíferas tais “virtudes”, uma vez que é evidente a vontade do prefeito Ricardo Coutinho em perder a virgindade e eleger, ao menos uma vez, um nome de sua mais completa e irrestrita confiança, Durval estará preparado para tudo. Inclusive, para guerra.

E o prefeito Ricardo Coutinho sabe disso. Sabe que se quiser empurrar um Bira (PSB) para presidência da Câmara de goela abaixo não poderá contar com o apoio de Don Corleone de João Pessoa.

E verá, assustado, como os inimigos do Poderoso Chefão, o que Durval realmente esconde por trás daquele bigode.

Luis Torres